Recebi agora este email. Não que concorde totalmente com isto mas no fundo é uma realidade.
Não esquecer que só vão para todas as especialidades voluntários....
Mas a patrulha é o serviço que é garantido para todos.
No nosso novo estatuto o Decreto Lei 299/2009, no Art.103, n.º1, determina que o suplemento especial de serviço seja atribuído ao pessoal com os cursos de especialização adequados ao exercício de funções em posto de trabalho em condições mais exigentes de penosidade, insalubridade e desgaste físico agravado…
À luz desta definição "trabalho em condições mais exigentes de penosidade, insalubridade e desgaste físico agravado", pus-me cá a pensar em que condições os diversos serviços da PSP laboram.
E aqui vão os pensamentos de um simples Patrulheiro:
DIC:
Passar o dia sentado no gabinete em frente ao computador a ouvir testemunhas das 09:00 às 17:00
Aparecer nas ocorrências mediáticas, depois do Patrulheiro as resolver, e ficar com o serviço, para a comunicação social dizer que foi a Investigação Criminal que resolveu o caso.
Contacto com o cidadão: Bastante, mas apenas no interior da Esq.ª
Riscos: Cair do sofá á noite enquanto dorme
Problemas nos pulsos, derivados da utilização excessiva do computador
Risco de despiste, por falta de visão devido aos cabelos compridos
Perder a farda ou correr o risco da mesma já não lhe servir por não a vestir há vários anos.
Ter que andar sempre a especificar que é da Inv. Criminal, para não ser confundido com um Patrulheiro da PSP, mas sim com a PJ
Fazer uma rusga no bairro sem dizer nada a ninguém, fugir para a EIC e deixar que o Carro de Patrulha que passou a seguir no bairro, sem ter conhecimento de nada, fosse apedrejado por retaliação.
Veredicto do Estado: condições de trabalho muito penosas, subsidio = € 149,33
CI:
Patrulhar as praias no Verão e a zonas comerciais no Natal
Policiamento nos Estádios.
Incursões esporádicas nos bairros só para mostrar a carrinha.
Contacto com o cidadão: médio, e apenas á distância do bastão
Riscos: Lesões a jogar futebol ou a puxar ferro
Fazer uma carga no meio do bairro, retirar para o quartel da Ajuda, e deixar que os Patrulheiros da esquadra do bairro sofressem as retaliações
Veredicto do Estado: condições de trabalho muito penosas, subsidio = € 283,80
Cinotecnia:
Dar de comer ao cão
Lavar o canil à mangueirada
Passar a tarde a brincar (treinar) com o cão
Fazer demonstrações nas escolas e nas paradas militares (policiais)
Contacto com o cidadão: reduzido e apenas á distância, durante as demonstrações
Riscos: Apanhar pulgas
Ser infectado com a raiva
Chegar a casa a cheirar a cão
Perder o brinquedo favorito do animal
Deixar que o cão morda um Patrulheiro durante um policiamento desportivo.
Veredicto do Estado: condições de trabalho muito penosas, subsidio = €283,80
CIEXSS:
Brincar com o robot telecomandado no valor de vários milhares de euros, que faz o trabalho todo à distância
Fazer demonstrações nas escolas e nas paradas militares (policiais)
Contacto com o cidadão: reduzido e apenas á distância durante as demonstrações
Riscos: Atropelar um menino com o robot telecomandado durante uma demonstração na escola
Estragar o robot telecomandado
Ferir um Patrulheiro no curso das Técnicas de interv. Pol. e Tiro, porque andou a montar armadilhas e "bombinhas" para assustar e em vez de tomar atenção ao que fazia estava com pressa de se esconder para se rir da figura dos outros.
Veredicto do Estado: condições de trabalho muito penosas, subsidio = €303,02
CSP:
Conduzir o VIP e a família ao trabalho e aos passeios de domingo
Passar a noite nos mesmos hotéis 5 estrelas onde o VIP se aloja
Pedir que os patrulheiros da esquadra da área tomem conta do carro e do hotel onde vai dormir.
Contacto com o cidadão: só com os VIPs
Riscos: Já não saber da farda e correr o risco da mesma já não lhe servir por não a vestir há vários anos
Alguém reparar que o fato "Calvin Klein" afinal é da Kalvim Clen
Esquecer-se dos óculos escuros em casa
Ir para a night com o Santana Lopes e ter que ser ele a trazer o carro.
Passar a noite a dormir no quarto de hotel e nem se aperceber que o Patrulheiro que ficou na rua de posto fixo, evitou sozinho, juntamente com os acarta malas do hotel, que os manifestantes invadissem o hotel, até chegar apoio.
Veredicto do Estado: condições de trabalho muito penosas, subsidio = €331,53
Patrulheiros:
Policiamento apeado e postos fixos ao frio e á chuva
Circular nos carros de Patrulha e deslocar-se sempre a toda e qualquer chamada seja ela qual for.
Contacto com o cidadão: sempre.
Riscos: Efectuar serviço, regularmente sozinho, ou em patrulha dobrada
Meter-se no meio das desordens
Sofrer emboscadas
Fardamento de alta visibilidade para ser mais fácil escolher o alvo a abater
Sofrer todo o tipo de retaliações
Veredicto do estado: condições de trabalho sem qualquer tipo de penosidade, insalubridade ou desgaste físico agravado?!?!? Subsídio= € 0
O que dirão os amigos e familiares dos nossos malogrados colegas, Felisberto Silva, assassinado em 04/02/2002 na Avenida D. João V na Damaia, Irineu Dinis, de 33 anos assassinado em 17/02/2005 na Cova da Moura, António Abrantes de 29 anos e Paulo Alves de 23 assassinados em 20/02/2005 no bairro de Santa Filomena na Amadora e o Chefe Sérgio Martins, de 49 anos assassinado em 11/12/2005 em Lagos.
Ou ainda mais recentemente e felizmente com um desfecho mais favorável, os nossos colegas Sérgio Sousa e Joaquim Batista alvejados em 05/07/2009, no bairro de Santa Filomena, na Amadora.